segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Índio e o Espelho ou Como me Tornei Alvo de Escambo

A história é cheia de mistérios, muitos dos quais serão resolvidos se alguém tiver saco e incentivo para estudá-los. Mas tem alguns que, além não serem úteis para se estudar a sério (o History Channel adora esses assuntos) simplesmente não tem uma explicação plausível ou acreditável.
Vou tentar desvendar um particularmente curioso. Uma amiga minha me contou, antes que eu pudesse ter contato com o texto, sobre a forma peculiar que o espelho era tratado no livro do Gilberto Freyre.
Escambo é o termo usado para a troca entre Portugueses e os Índios na chegada dos Europeus aqui. Chamou a atenção dela e não saiu da minha que, ao dar um exemplo de como essa troca ocorria, Freyre usava o espelho como o principal produto de troca. Nas palavras dele, bastava um pedaço de espelho que as índias abriam as pernas.
Deixando as babaquices de Freyre de lado, o curioso é que o espelho parece ser quase ouro na hora da troca, o que não faz muito sentido. Como diz minha amiga, os índios tinham outras formas de se verem, não tem porque essa supervalorização existir. Alguém consegue explicar isso? não.
Como eu disse, é o tipo de coisa que não se estuda e não se tem fonte para isso, então, não existe artigo nenhum sobre isso.
De tudo que eu já li até agora, a minha teoria é bastante mirabolante: o principal produto que o Egito antigo vendia nos tempos idos era o espelho. Para os Romanos, era um produto exótico e de luxo, alvo de fascinação. Talvez essa impressão tenha viajado até chegar nos Portugueses, herdeiros da cultura romana, ainda achando fascinante. Ao encontrar os índos, eles acharam que era Egito e Roma tudo de novo.
Eu teria deixado esse assunto morrer se não fosse a minha viagem à praia da ponta do corumbau, na Bahia. Lá é famoso não só pela praia digna de caribe mas pela tribo de índios alcoolizados que lá vive.
Depois de pagar uma bebida para ele, minha família resolveu bater papo com um índio que havia nos vendido ostras para comer. Papo vai, papo vem ele faz uma proposta para o meu irmão: Quer casar com uma índia? se você casar com uma índia eu caso com uma branca - e olhou para mim.

Eu fui alvo de escambo =O

E não parou por aí
meu irmão respondeu que já tinha namorada mas não ficou por isso mesmo. Depois de explicar como funcionava sua tribo, ele virou para mim e disse exatamente essas palavras:

"- Ontem eu carreguei 20Kg de espelho"

Para tudo.

Quantos clichês cabem em um índio? Parece que muitos.